A Unidade Demonstrativa do Reuso de Água, implementada no parque de Exposições Aristófanes Fernandes, na 55ª Edição da Festa do Boi, apresenta novaspossibilidades de levar água para o Semiárido do Rio Grande do Norte, de maneira simples e barata. Segundo a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), em um Estado predominantemente semiárido, com mais 90% da região sem chuvas regulares, uma estratégia eficaz na utilização dos recursos hídricos é fundamental.
O projeto, que faz parte do programa Sertão Empreendedor “um novo tempo para o semiárido”, visa garantir o fornecimento de alimento para os animais nos períodos secos mais críticos do ano. A ideia surgiu de uma parceria entre a Associação Norte-riograndense de Criadores (ANORC), Sebrae, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), Federação da Agricultura e Pecuária do RN (FAERN).
“Precisamos buscar tecnologias para aplicar principalmente no campo e no semiárido, alimentando esse desejo de levar enfrentamento a seca” declarou Marcelo Passos Sales, presidente da ANORC, enfatizando que, apesar de ser recente, há muito expectativa na consolidação da nova tecnologia no RN.
Segundo Josimar Torres Gomes, Zootecnista do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senarrn), “esse projeto tem um significado ímpar, pois poderemos produzir alimentos durante todo o ano, o que resultará na redução da mortalidade do rebanho. Mesmo as culturas que são cultivadas somente em períodos de chuva se tornam aptas a produzir o ano inteiro por meio da irrigação feita com a água reutilizada”.
Na plantação, que é cultivada no parque com água reaproveitada, são produzidos milho, sorgo, milheto e mandacaru sem espinho. O espaço ocupa uma área de 90 metros quadrados. “A cada três meses podemos dar um corte, produzir a silagem. Assim, podemos armazenar por um ano, para garantir a alimentação do animal mesmo no período de seca, fazendo a união da gramínea com o milho, milheto” relatou, Josimar Torres. Dessa forma, uma silagem e palma de ótima qualidade, são oferecidos para o animal em decorrência do reuso da água.
O sistema implementado, baseado em tecnologia israelense, funciona por meio da reutilização da água do restaurante do parque da ANORC. Também foi construído um filtro que possui capacidade de reaproveitar mais de 2.000L por dia de consumo. O custo na instalação da estrutura fica torno de R$2.500,00 à R$3.000,00, que se torna acessível e passa a ser revertido em benefícios diretos ao produtor rural.
“O filtro tem 5 camadas de material inerte: seixo rolado brita e ao final um material quase pó de brita, cada camada tem 5cm de espessura. Depois, duplicamos de areia lavada de rio, grossa. Assim, o filtro possui uma capacidade de 75cm. Em seguida, inserimos 75 cm de secagem de maravalha (de madeira, de serraria), 10cm de esterco de caprino ou ovino e por final minhocas para degradarem os materiais orgânicos que vêm provenientes dos restos de alimentos que são lavados no sistema” esclareceu o Josimar Torres, responsável pelo sistema.
Mais de 80 propriedades implementaram o sistema e as expectativas para instalação em diversas outras regiões. A feira proporcionou uma maior visibilidade ao projeto, que antes era localizado apenas em alguns municípios, na Festa do Boi todo puderam conhecer. “Há uma grande aceitação e interesse por parte dos empresários rurais, pois o produtor percebe que a água que seria desperdiçada, pode ser reaproveitada para produzir alimento para seu rebanho, tendo a certeza que seus animais não morrerão mais de fome, ele já confia no projeto” concluiu o Zootecnista, Josimar Torres.
Por: Emily Avelino